1910-1911
Cólera
A prova bacteriológica que faltava para confirmar o reaparecimento de um novo surto de cólera na Madeira, em 1910, foi constatada pelo Dr. Carlos França e os seus auxiliares.
Destacado pelo Ministro do Interior para assumir o cargo de Diretor dos Serviços Sanitários da Madeira, durante a pandemia, o Dr. França e a sua equipa estabeleceram uma organização sanitária modelar que previa dotar a cidade e a população de meios de combate e prevenção à epidemia e de defesa sanitária [1] .
Tendo-se revelado eficazes, o conjunto de medidas aplicadas explicariam o número relativamente baixo de óbitos e a rápida erradicação da cólera.
Os serviços sanitários, contudo, tiveram de enfrentar as mesmas circunstâncias sociais do passado: obstinação e desconfiança do povo no cumprimento das regras sanitárias, a sonegação de casos, a descrença na epidemia, vendo nela uma exploração política.
Faleceram 556 habitantes.
[1] O Plano de Organização Sanitária foi publicado em folheto com a designação de: Serviços Sanitários do Funchal – Medidas de combate contra a cholera na Madeira, e distribuído em diferentes zonas infetadas.
Contributos no combate à epidemia
Contributo
Criação de cozinhas económicas.
Manuel Augusto Martins
Governador Civil do Distrito do Funchal
Natural do Funchal (1867-1936)
Em 1907, fundou o jornal O Povo
Licenciado em Direito
Presidente da Comissão Republicana do Concelho do Funchal
Inaugurou a rede telefónica e a sede do Diário de Notícias
Contributos
Criação e organização dos Serviços Sanitários do Funchal.
Planeamento e execução de um plano, simultaneamente, de ataque e de prevenção da epidemia.
Dr. Carlos França
Diretor dos Serviços Sanitários da Madeira durante a epidemia
Natural de Torres Vedras (1877-1926)
Bacteriologista
Em 1899 – Combate, com Câmara Pestana, a peste na cidade do Porto
Capitão, médico do exército
Chefiou, em França, a Secção de Higiene e Bacteriologia durante a 1.ª Grande Guerra
Imprensa Regional
Os jornais continuavam a ter um contributo importante na divulgação de medidas de higiene individual e sanitária, sem deixar de fazer advertências ao comportamento ignorante de alguns cidadãos.
Brado D’Oeste (jornal da Ponta de Sol)
N.º 163 – 21 dezembro 1910, p. 1 – Com o título “Propaganda Criminosa” – Revela que, no imaginário do povo, o Dr. Balbino andava (na Madeira) a contaminar a água com pó, a fim de provocar a cólera. Critica a manipulação exercida pelos difamadores nas “massas populares” quando desprezam as regras sanitárias. Destaca as ações do Governador Civil.
Correio da Tarde
N.º 1285 – 02 dezembro 1910, p. 1– “Como se evita e se combate a cholera,” segundo o professor Metchnikoff do Instituto Pasteur, (artigo que continua nas publicações seguintes); “Cholera na Madeira” – refere o preconceito do povo madeirense acerca das medidas adotadas para tratar a cólera.
N.º 1287 – 07 dezembro 1910, p. 1 – “A Hygiene no Funchal”- Aponta o dedo ao desleixo da higiene pessoal e habitacional, critica o comportamento dos incumpridores e exemplifica os cuidados básicos a ter no quotidiano.
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Apontamentos
- 09 de dezembro de 1910 – A Madeira atinge o auge dos casos diários – 79.
- 1910-1911 – Observaram-se todos os sintomas da doença (desde os mais leves, até aos mais fulminantes), o que significa que ocorreram os dois tipos de cólera.
- Às fezes e aos vómitos misturava-se sulfato de cobre ou leite de cal, a fim de evitar o contato e propagação da bactéria com a terra, água….
- 06 de fevereiro de 1911 – Registou-se o último caso de cólera.