As primeiras produtoras regionais, a Madeira Film (1922) e a Empresa Cinematográfica Atlântida (1924), produziram diferentes tipos de fitas: filmes de reportagem, películas sobre os costumes e vistas da Ilha, assim como média-metragens de enredo.

  • MADEIRA FILM

Criada em 1922, tendo como diretor e proprietário, Francisco Bento de Gouveia, e como operador, Manuel Luiz Vieira.

Os primeiros trabalhos desta empresa foram exibidos em dezembro de 1922, no Teatro-Circo.

Foram projetadas várias películas: dois filmes de reportagem, relativos às visitas ao Funchal do Presidente da República e dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, bem como várias vistas da Ilha. Este “Filme de Propaganda” foi exibido, com muito sucesso no Brasil e Estados Unidos da América, principalmente nas cidades onde havia maiores comunidades madeirenses.

Outra grande produção foi o documentário sobre a comemoração do 5.º Centenário da Descoberta da Ilha da Madeira.

  • EMPRESA CINEMATOGRÁFICA ATLÂNTIDA

Fundada em 1924, por Manuel Luiz Vieira, era composta por laboratório e um estúdio de filmagens.

Entre 1925 e 1926, Manuel Vieira rodou um género muito distinto do efetuado anteriormente: as média-metragens de enredo: A Calúnia , O Fauno das Montanhas e A Indigestão, filmadas na Madeira.

A Calúnia

  • Realizador, autor do argumento e diretor de fotografia – Manuel Luiz Vieira;
  • Elenco – amador,  composto por madeirenses e familiares do realizador;
  • Locais de filmagens –  Funchal e  Câmara de Lobos;

As cenas principais foram gravadas em várias quintas dos arredores da cidade, gentilmente cedidas pelos seus proprietários (Diário de Notícias, 24/2/1926, p. 2).

  • Retrata a sociedade funchalense da época, contando a história de amor de um homem que parte para a América, a fim de acumular fortuna e ganhar a mão da sua amada, uma mulher rica, atormentada por um terrível sedutor da mesma condição social (primo falido).

Frames do filme A Calúnia

Para o Correio da Madeira  (21/2/1926, p. 2) estávamos perante um “filme de arte”, pelo enredo, desempenho artístico e paisagens captadas.

  • O filme reflete uma excelente montagem e realização;
  • Destaca-se a cena final, onde se desenrola uma desenfreada perseguição automóvel nas ruas do Funchal. A cena foi filmada por Manuel Vieira num outro automóvel, algo surpreendente para o cinema da época.
  • A estreia foi a 24 de fevereiro de 1926, no Teatro-Circo, e teve os maiores elogios da imprensa da época.

O Fauno da Montanha

  • Curta-metragem dramática, de 1100 metros,  dividida em quatro partes;
  • O trabalho técnico de Manuel Luiz Vieira foi considerado um dos melhores que se tem feito em Portugal;
  • Local das filmagens – em estúdio, no Rabaçal e nas Vinte e Cinco Fontes;
  • Aborda as curiosas quimeras de uma jovem que participa com o pai, naturalista britânico, numa expedição para conhecimento das espécies ornitológicas da Ilha. No seu crescente romantismo, e inspirada na paisagem, julga-se perseguida por um fauno, que tenta assassinar o sábio;
  • Estreou a 11 de maio de 1927, no Teatro Circo.

Frames do filme O Fauno das Montanhas

A Indigestão

  • Filme cómico, dividido em duas partes;
  • Estreou no mesmo dia e local de O Fauno das Montanhas;
  • Quer pela habilidade dos atores, bem como das situações criadas em seu redor, o filme fez rir até os mais sérios.

(o filme perdeu-se e atualmente existem apenas algumas referências ao filme)