1521

Peste

O “porto” do Funchal ocupou, desde sempre, um lugar de destaque nas rotas marítimas, graças à posição geográfica da Madeira.
Se por um lado, a movimentação da baía contribuía para o desenvolvimento e prosperidade da ilha, por outro, deixava-a vulnerável à rápida contaminação por doenças, que provocavam um grande número de vítimas.

Em 1521, os primeiros casos de peste assinalaram-se a 17 de março. A peste deflagrou e provocou uma elevada taxa de mortalidade entre os habitantes da cidade (cerca de 30 mortes diárias). Nestas circunstâncias, a 08 de junho, os oficiais da Câmara do Funchal, reunidos em vereação, procederam à eleição do protetor da cidade. Foram a sorteio quinze nomes santos e ao selecionado erguer-se-ia, também, uma igreja. O eleito foi São Tiago Menor, dando-se, assim, início ao seu culto.

A 21 de julho realizou-se primeira procissão a São Tiago Menor com saída da Sé até ao lugar onde se construiria o templo. Porém, as obras da igreja foram interrompidas por falta de dinheiro.

Apesar da devoção ao Santo e do emprego de medidas profiláticas severas, a peste não se erradicava: «Como algum tempo depois volvesse  peste, o capitão do Funchal, oficiais da Câmara, mesteres, cidadãos, povo, deão e o cabido com toda a clerezia reuniram-se, no coro da Sé, em 24 de Janeiro de 1523, e decidiram acabar a obra da “casa” do protector e defensor da cidade. Prometeram ainda, “de para sempre em cada um ano deste mundo”, venerarem e festejarem o glorioso Santo no primeiro dia de Maio com procissão solene que sairia da Catedral e dirigir-se-ia à Igreja de São Tiago.» [1]

Na procissão de 01 maio de 1538, a Câmara permitiu que pessoas doentes e sãs participassem lado a lado. Na Igreja de São Tiago, foram colocadas, no altar, as varas dos guardas-mores da saúde [2] , com a finalidade de pedir a Deus que fizesse no plano divino aquilo que os oficiais faziam no plano terreno.

Aparentemente, os casos de peste diminuíram até desaparecerem.

Faleceram mais de 1. 600 pessoas.

[1] VERÍSSIMO, Nelson, 2019, São Tiago, livrai-nos de pestes, disponível em https://funchalnoticias.net/2019/05/01/sao-tiago-livrai-nos-de-pestes/, consultado em 2021-01-13.
[2] guarda-mor de saúde – Médico encarregado da polícia sanitária num porto de mar. in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/guardamor%20de%20sa%C3%BAde [consultado em 06-03-2021].
https://www.diocesedofunchal.com/voto-a-sao-tiago/

São Tiago Menor

Diocese do Funchal, 500 anos: São Tiago Menor. Padroeiro da Diocese, disponível em https://www.diocesedofunchal.com/voto-a-sao-tiago, consultado a 09-03-2021.

Peste

Doença infeciosa, aguda

Formas de apresentação clínica

Bubónica ou ganglionar (mais comum)

Pneumónica

Septicémica

Origem

Continente Asiático (China)

Causada por bactérias Gram-negativas:

Yersina pestis ou Pasteurella pestis (1895 – Alexandre Yersin).

Sintomas  

Peste bubónica – inchaço e inflamação de nódulos linfáticos (”bubões”), febre alta, calafrios e prostração.

Peste pneumónica – dor torácica, tosse com expetoração ensanguentada, febre elevada, estado clínico alterado e alterações da consciência.

Peste septicémica – reação exagerada do corpo à infeção (fase final da bubónica e da pneumónica), causando a falência aguda dos órgãos e, consequentemente, a morte.

Contágio

Picada de pulga infetada

Contato com secreções ou tecidos de um animal infetado

Tratamento

Antibióticos

Desinfeção da água com cloro