1856-1857
Cólera-Morbus
Numa época em que a Madeira atravessava uma grave crise económica no sector agrícola, agravada por desastres naturais, não dispunha de saneamento básico, nem de cuidados de saúde ou de higiene mínimos, as doenças sazonais, endémicas e epidémicas encontravam o meio ideal para propagar-se, sobretudo nas camadas sociais onde prevalecia a miséria.
A cadeia de transmissão das epidemias iniciava-se, a partir do momento em que os tripulantes e/ou passageiros (e respetivas bagagens), todos condutores de germes, estabeleciam contacto local. Foi o que aconteceu em 1856. A Madeira foi contaminada por uma cólera de caráter fulminante, que terá sido introduzida aquando do desembarque do Batalhão de Infantaria n.º 1, vindo de uma zona infetada de Lisboa.
Contributos dos Governantes no Combate à Epidemia
Governador Civil o Distrito do Funchal e Comandante Militar da Madeira (1856-1857)
Natural de Elvas (1807-1862)
Formado em matemática – Universidade de Coimbra
Lente da Academia Politécnica do Porto
Ministro da Guerra -1859
Contributos
Construção de “hospitais” nos concelhos dos distritos
Campanhas sociais
Solicitação de subsídios
Administrador do Concelho do Funchal (1856)
Natural de Vila Franca de Xira
Formado em Direito
Jornalista
Escritor
Historiador
Contributo
Organização das “Sopas económicas”
Imprensa Regional
A imprensa regional teve um papel significativo, não só no que diz respeito à divulgação de medidas preventivas e terapêuticas de combate à epidemia, mas também nos alertas lançados às autoridades para empreender melhorias no estado sanitário da região e ainda na divulgação das decisões tomadas em prol dos mais necessitados.
Destacamos alguns jornais:
O Clamor Público
N.º 113 – 14 julho 1856, pp. 1-1 v.º- Comunica uma série de informações acerca do estado de salubridade de alguns locais da ilha (dentro e fora do concelho) e solicita a intervenção sanitária das autoridades responsáveis.
A Discussão
N.º 75 – 24 julho 1856, p.1– Elogia a decisão da Câmara Municipal em dotar de meios o Administrador do Concelho do Funchal para estabelecer a “Sopa económica” – vista como uma das soluções para combater a epidemia (a fome origina e desenvolve epidemias). Nomeiam-se os benfeitores que contribuíram monetariamente para várias formas de subsistência social e para a sopa económica.
A Ordem
N.º 1 – 11 outubro 1856, p. 1 – Indica a celeridade das autoridades públicas ao tomarem providências nas freguesias sem recursos para combater a cólera; assinala o dia 4 de julho como a data em que a cólera se manifestou na Madeira (desembarque do Batalhão de Infantaria n.º 1, menciona as medidas sanitárias e filantrópicas, adotadas pelo Governador Civil Couceiro – criação de “hospitais” nos concelhos dos distritos, e as campanhas para arrecadar esmolas e obter subsídios.
Semanário Official
N.º 129-10 janeiro 1857, pp. 2 e 2 v.º – Divulgam-se os números oficiais das vítimas da pandemia entre 5 de julho e 31 de outubro de 1857, apresentados pelo Governador Civil Brigadeiro Couceiro.
Apontamentos
De 31-07-1856 a 01-08-1856 – Sepultaram-se mais de 300 cadáveres no Cemitério das Angústias (atual Parque Santa Catarina)
Informação Complementar
ALMEIDA, Maria Antónia Pires, 2013, Saúde Pública e Higiénica na imprensa diária em anos de epidemias – 1854-1918, Lisboa, Colibri.