DRABM disponibiliza arquivo de João Higino Ferraz
A Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira torna acessível o arquivo de João Higino Ferraz, estando a sua informação descritiva já disponível na plataforma de pesquisa em linha.
Este fundo documental é principalmente constituído por documentos pessoais, documentos relativos à atividade profissional de João Higino Ferraz e por documentos relativos ao Engenho do Dr. Catanho de Meneses. Entre estes conjuntos documentais, contam-se correspondência recebida e expedida, correspondência trocada com familiares, amigos e até mesmo com Harry Hinton, seu patrão e amigo, livros de notas, que são quase um diário da atividade profissional de Higino Ferraz, quer na Fábrica do Torreão, quer noutros contextos profissionais.
Este arquivo é procedente do Centro de Estudos de História do Atlântico – Alberto Vieira, constituindo o primeiro de vários conjuntos documentais de arquivo ali depositados que é objeto de organização, tratamento e divulgação por parte da DRABM. O fundo documental ficará disponível para consulta presencial a partir do próximo dia 17 de fevereiro.
João Higino Ferraz nasceu em 12 de outubro de 1863, no Funchal. Estudou em Lisboa e trabalhou a pedido do seu tio, Severiano Alberto Ferraz, na fábrica da Ponte Nova, a qual dirigiu, de 1882 a 1886, após o falecimento daquele tio.
A doença da cana-de açúcar e as dificuldades financeiras resultaram na liquidação da sociedade “Ferraz Irmãos”, fundada pelo pai e tios de João Higino Ferraz, respetivamente, João Higino Ferraz, Severiano Alberto Ferraz e Ricardo Júlio Ferraz. Numa nota manuscrita, João Higino Ferraz revela que herdou do seu avô, Severiano Alberto de Freitas, um livro sobre a sua indústria de destilação de vinho da Madeira, xaropes de uva e refinação de açúcar de cana, antes da existência da fábrica da Ponte Nova. O seu avô – vítima do surto de cólera que assolou a Madeira em 1856 – fez um alambique a vapor e estabeleceu a primeira fábrica de açúcar no Funchal. João Higino Ferraz casou a 6 de junho de 1891, com D. Maria Elisa de Meneses Correia da Silva Acciaiuoli, de quem teve cinco filhos.
Retrato de João Higino Ferraz (três quartos), 1901. MFM-AV, em depósito no ABM, Photographia Vicente, n.º de inventário: VIC/33187 .
De 1888 a 1899 arrendou a fábrica da Ponte do Deão ao pai do amigo Joaquim Augusto de Sousa, Cristóvão de Sousa. Ingressa na fábrica do Torreão em 1899, como técnico industrial, perfazendo um total de 45 anos de trabalho ao serviço de Harry Hinton e da firma Hinton & Sons. Foi funcionário e acionista da empresa, tendo liberdade para fazer negócios. João Higino Ferraz entrou na Cooperativa do Torreão em março de 1916 com 10 ações de 10$00.
Além da atividade na fábrica do Torreão, João Higino Ferraz estabelece uma vinharia na Quinta do Seixeiro, Santo da Serra, onde desenvolve a sua arte de fazer bebidas, tais como: vinho, cerveja, cidra e até uma bebida designada VCM (vinho cidre malte). Faleceu no Funchal com 83 anos de idade, em 31 de julho de 1946.