A História da Saúde e da Doença em Portugal nos Séculos XIX e XX |
20 de junho de 2025 | 15h00 – 18h00 |
Centro de Estudos de História do Atlântico – Alberto Vieira (CEHA-AV)
No próximo dia 20 de junho de 2025, entre as 15h00 e as 18h00, a DRABL, através do Centro de Estudos de História do Atlântico – Alberto Vieira (CEHA-AV), acolhe o Seminário «A História da Saúde e da Doença em Portugal nos Séculos XIX e XX».
Pretende-se abordar e debater a saúde pública e as enfermidades em Portugal no século XIX e nos princípios do século XX.
Este seminário conta com a participação da Prof.ª Doutora Laurinda Abreu (Universidade de Évora), com um admirável percurso de investigação em Portugal no que concerne à temática em apreço, e do Dr. Nélio Pão, ex-colaborador do CEHA-AV e atualmente Chefe de Divisão de Desenvolvimento Económico-Cultural da Câmara Municipal de Santa Cruz, que tem se debruçado sobre História da Ciência e da Doença na Madeira nos séculos XIX e XX.
Deve ser referido que o seminário será gravado para posterior divulgação; as duas conferências que o compõem serão alojadas no canal do Youtube da DRABL.
Laurinda Abreu é Professora no Departamento de História da Universidade de Évora. Tem investigado e publicado sobre a história da assistência e da saúde em Portugal na época moderna, área onde também tem coordenado diversos projetos de investigação.
Na sua conferência, intitulada «Fome, Miséria e Epidemias em Portugal: Desafios Políticos e Estratégias de Intervenção (1850-1918)», Laurinda Abreu nota que a história de Portugal no século XIX e no início do século XX é marcada por surtos epidémicos, que revelam não só a fragilidade das infraestruturas de saúde como a extensão da miséria e da fome que afligiam as populações; evidenciam, igualmente, as dificuldades dos governos em implementar medidas eficazes de combate às crises sanitárias. Pretende realçar os indicadores socioeconómicos dos relatórios do Conselho de Saúde Pública da década de 1850, imprescindíveis nas decisões governamentais durante a crise de 1884-1886, e também as constantes interações entre os governadores civis e as autoridades locais com o poder central, nos meses decisivos de setembro a dezembro de 1918. O seu objetivo é avaliar como estes indicadores influenciaram as políticas de preparação e de resposta às crises sanitárias em ambos os períodos. Adicionalmente, questionar-se-á até que ponto as ações governamentais determinaram os resultados das duas emergências de saúde pública em análise.

Nélio Pão é licenciado em Biologia pela Universidade da Madeira. É Chefe de Divisão de Desenvolvimento Económico-Cultural da Câmara Municipal de Santa Cruz. Desenvolveu e publicou diversos estudos sobre a História da Ciência no Arquipélago da Madeira e, mais recentemente, sobre a primeira epidemia de cólera que afetou a região em 1856.
Na sua conferência «A Cólera (e Outras Doenças) no Arquipélago da Madeira (1826-1875)», Nélio Pão refere que a cólera, também conhecida como cólera morbus ou cólera-asiática, foi a epidemia dominante do século XIX. Na Madeira, o surto de 1856, responsável pela morte de mais de 7000 dos seus habitantes, foi, pelo seu carácter fulminante, a mais trágica epidemia a atingir este espaço arquipelágico. O palestrante pretende – a propósito desta epidemia e ainda, a título complementar, de outras doenças infecciosas – abordar a assistência hospitalar organizada, bem como as medidas preventivas e curativas divulgadas pela imprensa local da época, que visavam, sobretudo, sensibilizar e instruir a população sobre os comportamentos a adotar, minimizando assim os riscos de contágio e combatendo a epidemia. Simultaneamente, com recurso aos dados dos registos paroquiais de óbitos das freguesias de Machico, Porto Santo e São Martinho, pretende analisar os números de óbitos do ano de 1856, enquadrando-os no contexto da mortalidade do século XIX, de forma a compreender como esta epidemia afetou essas três freguesias, e identificar padrões e particularidades dos diferentes espaços. Esta análise permitirá uma compreensão mais aprofundada da resposta da sociedade local aos desafios de saúde pública da época, contribuindo para o conhecimento histórico das epidemias e das estratégias adotadas para a mitigação dos seus impactos.
