Documentos para a História do Porto Santo

Planta de calcetamento do Largo do Município (1935).

Projeto de reconstrução da Capela de Nossa Senhora da Graça (1947).

Planta da Alameda do Infante D. Henrique e do Padrão Comemorativo do Centenário do Infante (1960). Arquiteto Raúl Chorão Ramalho.

Alçado principal do projeto de implantação de um moinho de vento, no Miradouro das Lombas (1971).

Relato de um naufrágio ocorrido em 6 de dezembro de 1850 tendo nele perecido 15 passageiros.

Transcrição do naufrágio ocorrido na ilha do Porto Santo, no dia 6 de dezembro de 1850, ABM, CMPST, Anais do Município do Concelho do Porto Santo, liv. 47, f. 29 v.º- 30 v.º

 No dia 6 de Dezembro, do mesmo ano, os habitantes desta Ilha foram expetadores da cena mais trágica e dolorosa que podia consternar seus corações sensíveis. Cena da qual não há memória nos anais deste município depois da época do seu descobrimento.

Tendo chegado a este Porto, no dia 6 do mês supra mencionado, debaixo de um temporal forte de sudeste, o barco pertencente a João Rodrigues Rei e de João Alexandre de Viveiros carregado de alguns cereais e de vinte e sete passageiros, naufragou no porto desta vila perecendo neste naufrágio afogados nas ondas, quinze passageiros entre homens e mulheres e algumas crianças, entrando neste número os dois donos do mesmo barco e dois pedreiros filhos da Madeira que vinham para o Ilhéu da pedra de Cal.

A tripulação do barco salvou-se e doze passageiros.

A causa deste espantoso naufrágio foi a tripulação do mesmo barco, porque pela sua insubordinação não quiseram não quiseram obedecer ao dono do barco, João Rodrigues Rei, nem ao mesmo arrais, Justiniano Joaquim de Sousa que tanto reclamaram e rogaram à mesma tripulação que fossem para o ilhéu de Cima ou para o porto dos Frades ou para outra qualquer enseada para salvar as vidas, a carga e à mesma embarcação. Porém, aqueles bárbaros estúpidos a nada quiseram anuir protestando motivos frívolos, apesar das promessas generosas que lhes fazia um dos donos do barco.

Com efeito, aqueles desumanos mostraram nesta ocasião que tinham um coração cercado de aço e os ouvidos fechados aos ecos da voz da natureza que nos manda acudir aos males do nosso semelhante e prestar-lhes aqueles socorros que entram na orbita das nossas forças.

Sim, aqueles barqueiros se mostraram insensíveis aquela glória que costuma ser o resultado das boas ações […]

As pessoas que pereceram neste naufrágio foram as seguintes:

  • José Fernandes, casado com Antónia de Jesus, morador em São Gonçalo, sítio do Lombo, idade 30 anos. Pedreiro no ilhéu da Cal.
  • João Lopes, solteiro, filho de José Lopes e de sua mulher Rosa da Conceição, morador nos Tanquinhos, entre os Caminhos, freguesia de São Gonçalo filho de Manuel Lopes, idade de 20 anos. Estes dois homens vinham trabalhar na pedreira do Doutor Luís Vicente de Afonseca.
  • António Teixeira de Vasconcelos, casado com D. Margarida de Vasconcelos, desta Ilha, morador ao pé do Pico Castelo, idade 60 anos., lavrador. (casaram em 1834, liv.997, f. 21 v.º)
  • Estêvão António de Ornelas e Brito, casado com D. Antónia de Alencastre Drumond, desta Ilha, morador no sítio das Casinhas, idade 39 anos, lavrador. (casaram em 1849, liv. 997, f. 152)
  • Calista Rosa, casada com António de Faria, desta Ilha, moradora no Tanque, 45 anos. (casou em 1830, liv. 995 f. 134).
  • Júlia, filha de Calista Rosa, idade de 3 anos.
  • João Alexandre de Viveiros, casado com Maria de Melim, desta Ilha, morador na vila, de 40 anos, proprietário do barco naufragado. (casaram em 1847, liv. 997, f. 131 v.º)
  • Maria de Melim, mulher do dito, desta Ilha, idade 26 anos.
  • José, filho dos ditos (João Alexandre de Viveiros e de Maria de Melim), idade de 2 anos.
  • João Rodrigues do Nascimento, solteiro, natural do Caniço, morador nesta vila, idade 46 anos, sapateiro.
  • Domingas de Melim, casada com António João de Vasconcelos, desta Ilha, moradora no sítio das Areias. (casou em 1837, liv. 997, f. 59).
  • José Roaz de Velosa, desta Ilha, morador na vila, 78 anos, mendigo viúvo de Francisca de Vasconcelos (casou em 1795, liv. 993, f. 191 v.º)
  • Manuel de Vasconcelos Teixeira (Canário), casado com D. Maria da Piedade de Góis, desta Ilha, morador no Tanque, idade 26 anos, lavrador. (casou em 1846, liv. 997, f.126 v.º)
  • José Pedro dos Santos, casado com Emília de Vasconcelos, morador na Serra de Fora, idade 25 anos, vendedeiro.
  • Cesário, filho de Domingos de Oliveira e de sua mulher Ludovina de Nóbrega, idade 1 ano.”

Inventário das bocas de fogo, munições de guerra, entre outros artigos, existentes no Forte de São José (1837).

Rol de medicamentos remetidos pelo Governador e Capitão-General da Ilha da Madeira para a Ilha do Porto Santo tendo em vista o “curativo de moléstias que ora grassam na ilha do Porto Santo e entregues ao Facultativo” (1824).

Relação das 266 vítimas mortais da epidemia da cólera que assolou a Ilha do Porto Santo, em 1856, tendo-se improvisado no Forte de São José um hospital de campanha. Transcrição.

“Projeto do pavilhão e da captação das águas minerais da Fontinha”, propriedade da Sociedade Águas do Porto Santo, Lda (1916).

Registo de alguns estabelecimentos industriais, sediados na Ilha do Porto Santo:

1) Fábrica de Águas do Porto Santo.

2) Fábrica de conservas de peixe em azeite e salmoura, com aproveitamento de detritos e extração de óleos.

3) Oficina de aproveitamentos de cetáceos (1918-1965).