Enquadramento histórico- A Madeira nos séculos XIX -XX

Na mudança de século, seria de esperar que a capital da Madeira tivesse desenvolvido mais infraestruturas, contudo a cidade mantinha-se pequena, pobre, rústica, com um crescimento ocasional que, claramente, não obedecia a um projeto urbanístico.

A aparência do cais “porta de entrada” na Madeira não era nada agradável à vista dos que chegavam pela primeira vez, pois deparavam-se com uma praia “rústica” onde se cultivavam “abóboras e hortaliças”, segundo Abel Caldeira, na sua obra O Funchal no Primeiro Quartel do Século XX.

Apesar destas contingências, parte da aristocracia europeia, atraída pela beleza natural da ilha, e pelas propriedades terapêuticas do clima, acabaria por fixar residência provisória aqui, dando assim origem ao primeiro tipo de Turismo que se desenvolveu na Madeira, o de saúde. Consequentemente, criaram-se condições favoráveis de acesso à ilha e ao seu interior.

Numa tentativa de imortalizar as imagens e paisagens da Madeira, os turistas faziam-se acompanhar das máquinas fotográficas e de filmar. Desta iniciativa,  foram surgindo os primeiros filmes “vistas” da ilha.

À semelhança do mundo civilizado, a Madeira foi alvo das inovações que alterariam também o quotidiano dos seus habitantes:  “as instalações elétricas regulares, deram-se vários concertos de phonographo … e assistiu-se à primeira exibição cinematográfica.” (ALMEIDA, 18)

A primeira exibição cinematográfica pública paga foi promovida pelos Irmãos Lumière, em Paris, a 28 de dezembro de 1895.

Uns meses mais tarde, em Portugal, no dia 18 de junho de 1896, no Real Coliseu, na Rua da Palma.

O Diário de Notícias de 14 de janeiro de 1897 revelava que o cinematógrafo, invenção atribuído a Edison, tinha atraído muito público na sua primeira exibição em Lisboa e que o Funchal esperava, em breve, a chegada desse novo entretenimento para animar as noites de inverno.

De facto, a 15 de maio, o Funchal assistiu à primeira exibição cinematográfica no Teatro Maria Pia (atual Baltazar Dias). Os impulsionadores desta iniciativa foram os irmãos Henrique Augusto e João Anacleto Rodrigues, proprietários do primeiro animatógrafo que surgiu no Funchal.